O Fim da Globalização

Em um TED publicado no início do ano passado, o jornalista e economista Mike O’Sullivan faz uso de argumentos muito bem construídos e fundamentados para proclamar o final da era da globalização. Porém o mais interessante não é o anúncio do que já está sendo ultrapassado, mas sim daquilo que começa a se formar: uma era onde os estados-nação não seguem uma única ordem mundial, mas sim uma multiplicidade delas. Começando pela tríade protagonizada pelos E.U.A., China e União Européia, que representam respectivamente a liberdade de iniciativa somada à tecnologia, o controle associado ao contrato social e a privacidade unida à proteção de dados, a nova ordem política tende a reunir nações menores em torno de interesses e valores compartilhados.

À medida que a globalização acaba e parece reinar o caos, o futuro fica cada vez mais nas mãos dos países jovens, das suas populações jovens e a oportunidade que têm para construir sociedades novas. São eles a promessa da Nova Ordem Mundial.
— Mike O'Sullivan

No verão de 1989, o cientista político Francis Fukuyama trazia ao mundo o seu famoso ensaio denominado “The End of History?”, o qual postulava que com o colapso da União Soviética, a única alternativa ideológica ao liberalismo havia sido descartada. Esta “mercantilização comum” das relações internacionais, já prevista por Hegel a mais de um século atrás, marca o ápice do fenômeno da globalização e responde em parte a pergunta que John Stuart Mill disse ter feito a si mesmo quando jovem: Se todas as reformas políticas e sociais em que você acredita se concretizarem, isso o tornaria um ser humano mais feliz? As fissuras ideológicas da atualidade, em sua maior parte endêmicas, mostram que a resposta é “não”, e Mike O’Sullivan expõe de maneira brilhante o quem vem a seguir. 


José M. da Costa é pesquisador, designer e fundador da Storiologia.

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